31 janeiro, 2007

PONTE DE PEDRA


( PONTE DAS NEVES )
Formosa Ponte das Neves , de alvenaria lavrada , com três arcos....ponte que uma cheia destruiu na madrugada de 11 de Janeiro de 1821 , após 28 anos de existência.
O local onde se encontrava o pègão do lado da vila , por esse motivo , tomou o chamadouro de Lugar da Ponte Caída.
Antes do desmoronamento da ponte de pedra e ainda depois de construída a ponte de madeira que sucedeu àquela , o trânsito , a partir da margem direita do Ave , em direcção ao Norte, fazia-se pela Rua das Hortas (que depois se chamou avenida Campos Henriques) e pela Rua de Santo Amaro , ladeando o monte de S. Francisco.
A Rua das Hortas , como ainda pode verificar-se , fora aberta na vertente do Mosteiro de Santa Clara , em ponto elevado , para não ser inundada pelas águas , em maré alta . .............
.......... A velha Rua das Hortas , depois de rebaixada , ficou a confinar , em curva , com a Estada Real , na que fora aberta sobre o aterro ali feito , o que antigamente não acontecia.
por HORÁCIO MARÇAL em (PARA A HISTÒRIA DE VILA DO CONDE).

29 janeiro, 2007

BACIA FLUVIAL



O antigo Mosteiro de Santa clara.
(Desenho pertencente ao Sr. Dr. José de Sousa Pereira)


Vila do Conde , outrora , na época em que o rio corria livremente pelos recortes sinuosos das suas margens , achava-se alcandorada em elevações rochosas , cujas bases mergulhavam nas águas do Ave.
Por esse tempo ainda não existiam as actuais Praças da República e de S. João , nem a Rua 25 de Abril , nem o Mercado , nem tão-pouco o leito da Estrada Nacional , porquanto todo este espaço -embora custe a acreditar- estava tomado pelo rio , que embatia , em marés altas , nas pedras que limitavam a Rua e Travessa do Lidador , a Rua das Hortas , a Travessa e Calçada de S. Francisco , atingindo os terrenos baixos das Ruas de S. Francisco dos Milagres , das Donas e de Trás da Matriz ou Campo de S. Sebastião.
Quer dizer: o espaço contido entre a encosta do monte do Convento de Santa Clara , o Campo de S. Sebastião (onde está agora o Mercado) , a Igreja Matriz e a Rua do Lidador , era constituído , nas marés baixas , por areia , lodo e poças ; e , nas marés altas , pelas águas do rio , que se espraiavam para além do sítio onde hoje permanece o Mercado.
Esta espécie de bacia fluvial , servia para varadouro dos barcos pesqueiros.
Era assim , tal e qual como referimos , a topografia da vila neste ponto da margem direita do Ave.
Depois com a construção do cais ( por enroncamento com estacaria e pedra solta nos fundamentos ) , entre as Lavandeiras e a embocadura da Rua das Hortas , Vila do Conde cresceu bastante para a banda do sul.
Com esta obra e respectivo aterro , surgiram o Largo do Terreiro , a Rua da Praça de São João e um espaçoso terrapleno por trás do adro da Matriz , nos baixos do qual ficaram a efectuar-se feiras de hortaliças , frutas e legumes , feiras que deram ensejo à construção do actual mercado.
Pelo Norte e pelo Poente , construíram prédios na parte aterrada , bem como a estrada que dava início , pelo meio dos ditos prédios , ao caminho novo que estabelecia comunicação com o Norte do país , prosseguimento da Estrada Real , que partindo da cidade do Porto , terminava junto à ponte de madeira , ùnica transposição sobre o Ave , entre Azurara e Vila do Conde.


suplemento do JORNAL DE VILA DO CONDE.
(PARA A HISTÓRIA DE VILA DO CONDE).
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27 janeiro, 2007

HOMENS DO MAR



O local onde está implantada a Capela do Socorro, não há dúvida que é um dos pontos mais turísticos da nossa Cidade, e o de maior agrado-hà bastantes anos atrás...- da nossa classe piscatória, a qual, diáriamente, ali se reunia para conversar sobre assuntos do seu interesse, estudando as alterações do tempo e os movimentos do mar.
Era aí, no lugar de Trás-da-Torre, ou dos Assentos, como também era conhecido, que os pescadores se juntavam nos seus momentos de descanso. E diziam dos Assentos, por nele existir uma série de «bancos» de pedra, trabalhada, naturalmente saída dos flancos do promontório que era a rocha escarpada do Socorro, ao correr de uma muralha pequena, que servia,muitas vezes, de resguardo às frequentes nortadas.
Em tempos ainda muito recuados, este local era bastante frequentado pelos pescadores de mais modesta categoria, sobretudo quando chegavam os barcos de pequeno tráfego, os típicos fanequeiros.
É a chamada, actualmente, pesca artesanal...

...Porque a grande maioria dos moradores da Rua do Socorro, e das áreas que lhe ficam junto, era constituída por pescadores-gente que vivia exclusivamente, da dura faina da pesca.
Conhcemos, e convivemos, com alguns deles. Gente rude, mas séria, de conduta irrepreensível. Desaparecidos, já, do número dos vivos, alguns dos seus descendentes conservam, ainda hoje, as curiosas alcunhas dos seus progenitores.
Eram os Catrinos, os Caniçadas, os Marós, os Pátiagos, o velho Xico Manco (pai dos Granjas-o Zacarias o Zé e o Manuel, que foi jogador do «Rio Ave», os dois últimos vítimas de naufrágio), os Vinagres os Migas, os Lourenços, o Ti´João Bicho, o António da Justina, e ainda outros, de que já não recordamos os nomes...
A alegria-ruidosa, mas ordeira-com que esses valentes homens do mar festejavam o seu regresso da labuta diária, quando a «safra» corria bem, é evidente, numa das «vendas» que mais fama tinha na nossa terra: a da Ti´Glória do Zacarias, que fazia frente, também, para a Calçada de Santiago...
Não há dúvida: os ventos ( e os tempos ) mudaram...

em PARA A HISTÓRIA DE VILA DO CONDE.
Carlos Ouvidor da Costa.

25 janeiro, 2007

ARMAZÉM DE RETÉM




VILA DO CONDE-1906





Encostada ao elevado rochedo do Socorro, existiu, noutros tempos, uma moradia com armazém de retém, por baixo.
Do seu lado poente, por Detrás-da-Torre, existia uma Rua apertada, junto da muralha da Doca até à extrema da Calçada de Santiago.
A meio dessa rua, entre os muros das casas da Calçada, e a casa edificada junto à rocha do Socorro, havia um escadório talhado na própria pedra, em dois lanços, de acesso à Capela do Socorro e ao largo fronteiriço ao mesmo.
O patim entre os dois lanços, servia de entrada para os altos da casa-armazém que era, também, de habitação. Nela residiu, em tempos recuados, um indíviduo de nome REIS, com o apelido de «Ramalhão». Nesta casa se reuniam, à noite, os fidalgos residentes na (então) vila, para palestrar, jogar e beber...
Para alargamento do antigo Largo de Trás-da-Torre e da Rua entre este Largo e o do Cidral (ou da Bajoca) destruiram as casas e os armazéns, bem como o escadório de acesso à capela, que se encontrava muito arruinado. Tal era o seu estado, que impedia, até, o trânsito por aquele local.
E a Doca, que lhe fica quase junta, era atravessada, anteriormente, por uma ponte de madeira, Agora, é de cimento armado, tem escadas duplas, salientes, ligadas entre si pelo cimo da muralha do cais (uma de cada lado) e uma rampa cental, bastante espaçosa, a qual serve para encalhe de embarcações.
É um bom e seguro refúgio para barcos de pesca, em ocasiões de cheias, ou mesmo de fortes correntes do rio.


Carlos Ouvidor da Costa
em(PARA A HISTÓRIA DE VILA DO CONDE).
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23 janeiro, 2007

MARIANTES

Fotografia de Carlos Manuel.

Anda ìntimamente ligada à história da vila a história do seu povo. Ptolomeu refere-se, mais de uma vez, ao «flumen Avus» e à sua foz. É de crêr que tivesse sido conhecido dos fenícios, em demanda do ouro dos Casseterides. Como quer que seja do que não resta dúvida é de que, nos princípios da monarquia, já o porto de vila do conde tinha bastante movimento. Das inquirições de 1252 se depreende que armava naus de 60 pinaceas-navios de pesca e comércio internacional e de cabotagem.
Os estaleiros de vila do Conde e Azurara foram-se progressivamente desenvolvendo. Em Èvora, em todas as cortes os homens bons da vila iam reclamando benfeitorias. Pinaceas, berineis, naus, caravelas, galeões, barcas, construiram-se em larga escala.
Principalmente desde D.Fernando, essa indústria foi-se intensificando de tal modo, que na alvorada das descobertas marítimas era desta laboriosa «Ribeira das Naus» que saíam a maior parte, e as melhores naus e caravelas da carreira da Índia. O grande geógrafo Reclus afirma até que «lors des grandes expeditions de découvert qui ont ilustré le Portugal les meilleurs bâtiments etaient, ceux qu´avaient construits les charpentiers de Vila do Conde».
A madeira de sôbro e de pinho vinha das redondezas. Na própria vila existia uma importante indústria de cordoaria e de panos para velas, traquetes treos, etc.. Os panos de Vila do Conde eram os únicos que rivalizavam com os de Anvers...........................................

em (MARINHEIROS E MARIANTES DE VILA DO CONDE).

21 janeiro, 2007

AS DUAS PONTES


Fotografias de Carlos Adriano

Ponte de madeira, provisória, mandada construir para dar passagem a piões e carros, durante a reparação que aquela (a metálica) sofreu entre os anos de 1929 e 1932.

em VILA DO CONDE-HISTÓRIA E PATRIMÓNIO.
Eugénio da Cunha Freitas.

19 janeiro, 2007

NAUFRÁGIO DO " S. RAFAEL".

Primeira fotografia depois do naufrágio

Fotografias de J.Adriano

OUTUBRO -1911

Sabbado, seis da manhã, tres tiros de canhão despertam a calma população de Villa do Conde.Para quem conhece um pouco as vozes que veem do mar um naufragio era evidente.E só um navio de guerra podia impetrar socorro assim, syllabando a pequenos espaços compassados o significado da sua agonia.Atravez da barra do Ave, rio de suaves paysagens e de poeticos encantamentos,uma grande fita iluminada se estendia, como uma renda aberta,deixando coar uma luz extranha, mais viva e perfurante com a luz electrica.
............Do alto da Azurara, que era o nosso miradouro, àquella hora, o coração atribulado pela grande e formidável voz que pedia socorro, e que é horrível escutar quando não está na força humana esse socorro, descortinava-se agora, quasi limpo, o espantoso espectaculo.
............O vapor callara-se; como que esmagado em face da fatalidade,........em dois ou tres movimentos bruscos, na adiça da mezenna, um pavilhão firmou-se, esticado pelo vento.
Verde e vermelho! Era pois a patria que chorava adentro d´aquelle vapor!
..............Bendita seja a alma portugueza!...encharcadas d´agua, fatigadas da marcha pela areia, fustigadas pela flagellação da ventania, as populações de Villa do Conde e da Póvoa n´uma ancia de virtude, como jamais presenciamos, acudiram precipitadamente à salvação dos aflitos.


Bendita seja a alma portugueza.

Emygdio D´Oliveira.
em Illustração Villacondense.

17 janeiro, 2007

NOSSA SENHORA DA GUIA



Senhora da Guia ou de S. Julião.
O mais velho monumento da vila, a que se refere já um documento de 1059.
De todos os monumentos religiosos de Vila do Conde, a pequena Capela de Nossa Senhora da Guia é provàdamente o mais antigo.
Já no séc XI ela se citava e incluia no Inventário dos bens que constituiam o Patimónio do Convento de Guimarães.
Foi edificada sobre uma plataforma que, se referem as velhas crónicas, constitui a primeira,e durante muito tempo, a única defesa da barra.
E através dos séculos se tem conservado, sem alterações sensíveis, guardada na sua modéstia primitiva pela fé perene de mariantes e pescadores.
NOSSA SENHORA DA GUIA.
Diz-se que a sua ermida, pequenina e pobre, se ergueu há remotíssimos anos ,sobre muramentos que foram, junto ao mar, as primeiras defesas da terra; e assim ficou a ser, desguarnecida de armas e soldados, uma fortaleza de fé, que nunca sofreu nem com os assaltos das guerras, nem com os desabrimentos do tempo, Nossa Senhora da Guia sendo nela a única sentinela vigilante, que alonga sobre as águas sem fim o seu olhar de misericórdia e de prodígio.
Porque é sempre do mar que lhe vem, a mesma exoração confiada ou aflitiva, quando a tormenta o levanta ou a bonança o aquieta e se traduz nestas palavras que têm séculos,e através deles guardaram a mesma fé e traduziram a mesma esperança;
NOSSA SENHORA DA GUIA!
NOSSA SENHORA DA GUIA!
em« Senhora da Guia ,protectora dos Mariantes e Pescadpres de Vila do Conde.»

15 janeiro, 2007

TSUNAMI EM VILA DO CONDE



«ENTROU O MAR ATÉ AO SOCORRO E POR PREMISSÃO DA IRA DELE DE FRENTE DA CAPELA QUEBRAVAM AS ONDAS QUE POR DUAS VEZES CHEGARAM ÀS AZENHAS»

RELATO DO TERRAMOTO DE I DE NOVEMBRO DE I755.

D. Maria do Salvador,que foi escrivã do mosteiro,naquele jeito folhetinesco e memoralista que percorreu os conventos a partir de determinada época,deixou um relato muito circunstanciado do que ocorreu no mosteiro no dia do terramoto e nos dias que lhe seguiram.A sua veia jornalística soube dar relevo a pequenas minúcias aparentemente irrelevantes avultadas pela sua pena de forte sabor descritivo.
«Em o segundo triénio da M R M Abadessa D. Teresa M de Távora, eleita em 8 de Maio de 1755, em o primeiro dia do mês de Novembro do sobredito anno às 9 horas e meia da manhã estando as religiosas em o coro cantando Terça para principiar a missa do dia,estando sol claro e sem ventos,principiou um tremor de terra tão repentino e com estrondo tão horroroso que parecia que submergia todo o convento; as religiosas que estavam em os ofícios todas as desampararam fugindo para os coros e buscando refúgio em o mesmo perigo por que neles e nos templos foi donde sucederam os maiores estrgos em Lisboa.Mas como se ignorava o perigo,permitiu o céu que o não houvesse;nele se persistiu enquanto durou a maior força do terramoto,que seria dum quarto de hora mais ou menos,..........................................tremendo o coro com uma força tão desordenada que parecia uma nau despenhada em o mar,não houve o mais leve perigo nem estrago considerável em o convento.
..................Entrou o mar até ao Socorro e por permissão da ira dele de frente da Capela quebravam as ondas que por duas vezes chegaram às azenhas mas logo desceram;esta inundação das águas não causou menos susto e maior seria se não desse em o mesmo dia o título de Mentira a mesma Verdade; passado o p terramoto ficou todo o dia a terra tremula e eles (os abalos) repetindo mas com emtrepolações;não se cuidou em comer que o susto o não permitiu.
.....................ficou a terra trémula todo o ano e nas luas repetindo terramoto com mais ou menos duração e estrondo que o primeiro;e ainda na era de 1757 se sentiram alguns mas breves.........
Deve ter sido um espectáculo aterrador,sobretudo para as populações ribeirinhas mais expostas do que as donas do convento às invasões das águas e ao alevante das ondas.

Compilado por JCunha. "O MOSTEIRO DE SANTA CLARA DE VILA DO CONDE"
de Joaquim Pacheco Neves.
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13 janeiro, 2007

FEIRA DO GADO


Era um dos mercados mais importantes do norte do país,principalmente em gado bovino.As feiras realizavam-se nos dias 3, 12, 20, e 27 de cada mês,eram muito concorridas,e davam a toda esta rua um movimento e animação verdadeiramente extraordinários.
Era tal o seu movimento,,há 70 ou 80 anos, que nelas tudo cabia, e todas as transacções se faziam no Campo da Feira-hoje Praça da República.
Depois, este ùltimo local ficou a ser-só-feira do gado,passando tudo o mais para a Praça de S. João.Mas,já em 1884, esta praça era considerada insuficiente para aquele efeito, dando-se princípio à construção de um novo mercado fechado, junto à mesma Praça-mas com frente para a Rua de D. Luiz I, muito mais amplo que aquela,por ela já não comportar tudo o que se vendia e vinha expôr nos dias de feira.

por Carlos Ouvidor da Costa.

(Curiosamente,este postal tem escrito :Domingo,1/10/916)
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11 janeiro, 2007

A (antiga) Rua de D. Luiz I

Fotografia de cima : Praça de S. João e Rua D. Luiz I-À direita, pode observar-se,com alguma dificuldade, uma figura típica de Vila do Conde: a "Ti Viana",com o seu famoso guarda-chuva,a assar castanhas...

Em baixo :
As duas portas que se vêem, à esquerda,davam acesso à oficina de tinturaria da família do saudoso José Maria Teixeira da Silva,o "Zé Tintas".

A Rua de D.Luiz I (hoje Rua 5 de Outubro), ia da Praça Hintze Ribeiro (actual Praça da República) até ao lugar de Cimo de Vila, e era, sem dúvida,em tempos recuados, uma das principais artérias, senão a ppricipal, desta-então-vila.

Fazia parte da estrada real n"30, que ia do Porto a Valença,e foi construída em 1862, e, indo de Vila do Conde, desembocava na Praça do Almada, na vizinha Póvoa.

Era conhecida por outros nomes, conforme os lugares que ia atravessando.Assim, através da nossa terra, chamava-se,como já dissemos, Rua de D. Luiz I.Um pouco mais acima do Largo de S. Sebastião, é conhecida por Rua de Cimo de Vila, a que se referem os lugares de Alto de Pega, Portas Fronhas e Regufe,entrando na Póvoa por uma rua que(antigamente) se chamava Rua do Príncipe.

Esta rua era a ligação mais directa entre as duas terras,e,com o bocado que fazia parte da estada real,tinha a largura regulamentar de 12 metros.

Vila do Conde, outrora, apenas comunicava com a Póvoa pela «estrada velha»-onde hoje se encontram os nossos modernos estabelecimentos de ensino-estrada essa que partia da «rua da Palha», depois «rua de Santa Luzia», e agora Comendador António Fernandes da Costa, e entrava na Póvoa por uma rua também bastante extensa-a antiga rua dos Ferreiros.

Com a abertura desta estrada real, mais uma comunicação entre as duas vilas se veio a verificar.

O trecho desta estrada-rua que a nossa gravura representa, é o que ia da bifurcação da mesma estrada com a Av. Campos Henriques,para o norte.ou talvez melhor, com a Praça de S. João.

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Aberta como já dissemos, em1862, esta estada-rua foi,poco dedepois, batizada com o nome de Rua da Alegria, nome que conservou até 1877(ou 1878), ano em que a antiga Rua do Barroso passou a ter igual designação, sendo então esta «crismada» com o nome de D.Luiz ,para comemorar a visita que a esta vila tinha feito este monarca em 1874, o qual se hospedou na casa do largo de S. Sebastião onde hoje se encontra a Biblioteca Municipal, então propriedade-e residência-do deputado sr.Dr.José Joaquim Figueiredo de Faria, pai do Sr. Conselheiro Francisco Xavier de Castro Figueiredo Faria, chefe do partido regenerador local.

PARA A HISTÓRIA DE VILA DO CONDE por Carlos Ouvidor da Costa

10 janeiro, 2007

A CADEIA QUE NÃO CHEGOU A FAZER-SE

Pouco resta do que se vê na fotografia.Apenas existe a casa onde reside o Sr.Dr.José Maria de Sousa Pereira.Tudo o resto foi modificado...


A(histórica) gravura que hoje publicamos, apresenta-nos o princípio da construção de um edifício que iria servir para cadeia comarcã, com poente para a rua das Donas, no Monte do Mosteiro,e parte das construções urbanas da rua de Santo Amaro,que ficavam subjacentes ao referido Monte.
Mas nunca chegou a servir para tal fim.
Durante muitos anos, ali funcionaram os Serviços Municipalizados de Electricidade(mais conhecida pela "central");depois, a "rádio Vila do Conde" e -agora-a "Rádio Linear".
A parte que se vê à esquerda da gravura, constituiria as trazeiras e parte do lado sul do mesmo.A sua frontaria daria para um pequeno largo, em frente à rua das Donas.
Como podemos observar, o edifício estava ainda muito longe da sua conclusão,e,segundo se lia nos jornais da época,"...perdia por acanhado,pois,se exceptuarmos a parte quadrangular que dá para o poente,a qual compreende um só compartimento,que se destinaria a sala de trabalhos dos encarcerados,tudo o mais é pequeno,chegando-se mesmo a duvidar se ali poderia vir a haver ar e luz suficientes"...
A sua frontaria,virada ao nascente,era baixa,atarracada mesmo,dando um aspecto menos agradável do que conviria a edifícios que se destinassem para aquele fim.
Como,porém,este edifício nunca serviu para cadeia,felizmente,ficou-se sem saber se satisfaria,ou não,ao fim para que estava destinado.
Mas-cremos-não se perdeu nada com isso.
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Na altura em que este edifício começou a ser construído (1906) a antiga cadeia estava,e esteve ainda por muitos anos,situada na Praça Vasco da Gama(antiga Praça Nova),junto dos Paços do Concelho.

Publicado em PARA A HISTÓRIA DE VILA DO CONDE,pelo senhor Carlos Ouvidor da Costa.

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09 janeiro, 2007

DESENHO


Talvez o mais lindo (e conhecido) desenho de Vila do Conde.
Datado de 1883.
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Arqueologia Aeronáutica

Aqui ficam mais dois exemplos de aviões que ,teimosamente,insistiam em aterrar nos lugares menos apropriados.
Curioso que,depois disto tudo,ainda aparecesse em Vila do Conde alguém a querer ser piloto !
O pequeno avião de cima é (era) um AISA 11B do Ejército del Aire,de Espanha,que foi forçado a uma aterragem de emergência no dia seguinte (1 de Julho) ao Festival Aéreo de Pedras Rubras,em 1957.Consta que o motor deixou de colaborar.
O hidrovião,difícilmente visível a aterrar no rio Ave, é um CAMS 37,pertencente ao Centro de Aviação Naval de Aveiro.A cena passa-se em 1935,no mesmo ano em que estes estranhos aparelhos foram abatidos ao serviço.
Vá lá saber-se porquê.

O Airacobra P-39 descrito na postagem "Aterragem de Emergência",teve finalmente a sua verdadeira história.Segundo o Comandante José Vilhena - investigador e historiador aeronáutico- este aparelho era tido como tendo aterrado em Espanha e sido,depois,entregue a Portugal.Pelo menos é isso que consta no Air Force Historical Research Agency ,dos E.U.A.,relativamente ao número de cauda do avião.

Outros investigadores portugueses partilhavam também essa opinião.

Sabe-se agora que estavam todos errados.

José Guedes

08 janeiro, 2007

MEMÓRIAS


Era assim a Calçada de Santiago e o Largo do Ribeirinho em 1906.
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07 janeiro, 2007

PELOURINHO

O PELOURINHO MANUELINO.
O pelourinho que existe em Vila do Conde foi construído após a outorga da Carta de Foral, pelo rei D. Manuel, a este município, em 10 de Setembro de 1516.
Marco da jurisdição municipal, Herculano vê nele o símbolo da liberdade burguesa. O pelourinho vilacondense que conhecemos não foi um instrumento de tortura ou de execuções, mas sim um local de divulgação das decisões e posturas camarárias. É da tradição, localizar na Praça Velha, junto à primeira casa da Câmara, uma picota, que por ordem de D. JoãoIII, foi transferida para a Praça Nova, em 1538. Nessa altura, já havia diligências para a construção, neste mesmo local, do novo edifício dos Paços do Concelho. No ano seguinte, o povo enfurecido, durante a noite, destrói o pelourinho, pois não via razão para a sua existência, uma vez que aos municípios tinha sido retirada a jurisdição criminal.
No entanto, nos anos 80 do século XVI, novo pelourinho se ergue, desta vez junto ao rio, mais concretamente, na Praça da Ribeira, expressando agora a autonomia municipal. A coluna enconta-se actualmente na Praça Vasco da Gama para onde foi trasladado no início deste século.
O pelourinho de Vila do Conde é um monumento de singular beleza. De um plinto oitavado, servido por uma escada de quatro degraus numa das faces, parte um fuste em que quatro toros de granito se entrelaçam, unidos a meio por um anel em forma de corda. No capitel está esculpido o brasão real e por cima aparece a gaiola artísticamente trabalhada.
Rematando o conjunto surje de uma vara metálica uma mão empunhando uma espada. Os ângulos do embasamento têm gravadas datas ligadas à sua história.
Dr. MARTA MIRANDA.
em (VILA DO CONDE-CIDADES E VILAS DE PORTUGAL)

05 janeiro, 2007

RENDILHEIRAS

Pobres rendilheiras!...Realmente o trabalho d`um entremeio qualquer,na almofada,por mais simples que seja,a crescer,a olhos vistos,sob a dança macabra d´algumas dúzias de bilros,impellidos,da direita para a esquerda, e da esquerda para a direita ,pelos deditos esbranquiçados e magros d´uma creança,é o que ha de mais extaordinario e assombroso na ordem da fabricação de coisas futeis!
Quem já viu,uma vez que fosse,concorda connosco,quem nunca viu não faz ideia,e deve envergonhar-se de não ter presenceado a tarefa mais subtil e delicada,mais mimosa e suave que é dado a mãos femininas executar salvo-com o devido respeito pelas nossas leitoras-essa tarefa igualmente mimosa e suave,que o bom Deus omnipotente confiou tambem das suas bentas mãos côr de rosa -a de nos acariciarem quando nos amam............

Illustraçâo Villacondense.
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CASTELO


CASTELLO DE S.JOÃO BAPTISTA

Este monumento da arte militar antiga,é uma construção do princípio do séc XVII,ordenada por D.Theodosio II, 7" Duque de Bragança,e senhor de Villa do Conde. O Castello foi construido entre os annos de 1602 e 1614,para guarda e defensão de Villa do Conde,junto á barra e beira-mar da mesma villa.
No recenseamento da população ordenado por D.João III,aos 17 de Julho de 1527 lê-se "QUE VILLA DO CONDE NEM HE CERQUADA NEM TEM HUM CASTELLO".

em VILLA D0 CONDE E SEU ALFOZ.
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03 janeiro, 2007

Aterragem de Emergência

Esta aterragem forçada de um P-39 Airacobra,da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) acontece,provávelmente,entre finais de 1942 e princípios de 1943.O avião imobiliza-se entre a recta do castelo e a praia,em zona de areia. Ao fundo,pode ver-se a silhueta de Santa Clara.
Embora os Estados Unidos ainda não tivessem entrado formalmente na II Grande Guerra,algumas esquadrilhas aéreas da USAF foram enviadas para o Norte de África,onde assistiam as tropas inglesas que,então, aí combatiam os exércitos da Alemanha.
Inicialmente colocados em bases no Sul de Inglaterra,os P-39 faziam depois a viagem ao longo da Biscaya e das costas da Galiza e de Portugal, até aterrarem algures em África,já no limite de reserva de combustível,isto apesar dos aviões estarem equipados com tanques suplementares.
Estes aparelhos tinham vários problemas,consequência do facto de terem sido projectados de forma a que o motor fosse colocado na traseira do avião,por detrás do cockpit.Este conceito permitia a instalação de um canhão na frente do aparelho,o qual disparava através do cone do eixo da hélice,e não através dos intervalos das pás desta mesma hélice,como se usava então.
Os motores não podiam ser sobrealimentados por compressores,devido á insuficiência de fluxo aerodinâmico e,assim, a potência disponível era claramente insuficiente ,se comparada com os Spitfire,Hurricane ou Stukas,o que tornava estes aviões bastante vulneráveis e só passíveis de utilização em missões de ataque ao solo e apoio a tropas terrestres.Por outro lado,a ventilação insuficiente causava sérios problemas de aquecimento de motor,que levavam frequentemente á sua destruição.
Assim,era normal que em cada viagem Inglaterra/Norte de África um número elevado de Cobras (10 a 15 %) ficasse pelo caminho,com avarias,e aterrasse de emergência nas praias da península.Acontecia,então,que o estatuto de neutralidade de Portugal nos permitia "internar" todo e qualquer equipamento militar dos beligerantes que,por qualquer razão,entrasse em território nacional.Assim,a Força Aérea Portuguesa tomou posse de dezanove destes aviões e formou a esquadrilha OK,que viria a ser comandada pelo Tenente Austen Godman Solano de Almeida,mais tarde Comandante da TAP,sob cujas ordens tive a honra e o prazer de trabalhar durante cerca de dois anos.
No entanto,como os aparelhos não traziam consigo os respectivos manuais de instruções e "check lists" ,a sua operação era improvisada e causou vários acidentes,tendo a esquadrilha sido extinta em 1950 .
A maioria dos pilotos detestava este avião e é fácil entender porquê.A colocação do motor na traseira fazia com que o veio da hélice passasse entre as pernas do piloto,causando toda a espécie de problemas ,incluindo vibrações e ruído ensurdecedor.Por outro lado,os gases resultantes dos disparos do canhão eram projectados directamente no cockpit,tornando o ambiente irrespirável.
Não se conhece o destino do piloto do avião que aterrou de emergência em Vila do Conde.Sabe-se que sobreviveu e que fumava cigarros portugueses,provávelmente oferecidos por alguma das primeiras pessoas a chegar ao local do acidente.Muito embora o estatuto de neutralidade também obrigasse ao "internamento" dos pilotos,sabe-se que estes abandonavam clandestinamente o País,com a complacência das autoridades portuguesas.
O P-39 era fabricado pela Bell Aircraft Co e equipado com um motor Allison de 1325 cv,tendo como armamento quatro metralhadoras Colt-Browning de 30" ,nas asas, e duas metralhadoras de 50" no nariz,junto do já referido canhão,um M-4 de 37 mm.
(Fotografia original de José Cunha,pai.O filho só nasceria muito depois )
José Guedes

02 janeiro, 2007

MEMÓRIAS


Antigo jardim da Av.Júlio Graça.
(em 1917)

01 janeiro, 2007

PONTE METALLICA DO AVE


Ponte moderna,pois foi aberta ao transito público em 26 de Setembro de 1893,tendo sido construída na direcção da estrada nova do Porto a Viana do Castello.
Durante séculos fez-se a travessia do Ave em UMA BARCA DE PASSAGEM,pertença do Mosteiro de Santa Clara,que d´ella auferia um rendimento consideràvel.
A barca do lado de Villa do Conde partia do Caes das Lavandeiras, e abicava em Azurara na entrada da supprimida ponte de madeira,cortando asssim o rio oblíquamente.

"VILLA DO CONDE E SEU ALFOZ".

JCunha.
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EDITORIAL

...Esses castellos,templos e palacios,que consubstanciam em si toda a architectura medieval e moderna do nosso paiz,são uma chronica immensa,onde a historia se lê melhor do que nos escriptos dos historiadores;porquanto n´essa massa enorme de pedras accumuladas os homens poderão,diz-se, interpretar a vida das sociedades, que as reuniram,a sua maneira de pensar,de crêr e de sentir,e tudo isto com verdade,porque,nos seus livros de pedra,os architectos não conheceram a arte de mentir ás gerações futuras.

Mons.J.Augusto Ferreira, "Villa do Conde e seu Alfoz" 1923

Por tal,a todas as imagens que forem aqui colocadas,lhes chamarei de"frames",para que possamos ver o "quase filme",talvez dos últimos cem anos.
JCunha.