23 fevereiro, 2009

BATEIRA COM VELA


Interessante aguarela de E.CASANOVA de 1883, que é o que consigo ler no canto inferior esquerdo .
Fiz mais uma vez uma ampliação, para que melhor se possa ver a Bateira, não vá vos acontecer , o mesmo que a mim , pois, imaginem, tenho esta reprodução há dezenas de anos, e nunca tinha reparado em tal barco, é certo que estava numa parede, um pouco longe do olhar, mas talvez também, só hoje comece a dar importância aos pormenores.

6 comentários:

fangueiro.antonio disse...

Boas.

Pois realmente parece ser uma bateira. Só me fica a ligeira dúvida quanto à ré que parece algo mais longa que nas bateiras e lembra um pequeno barco do Douro. Se fosse a votos, votava na bateira, mais uma preciosidade no passado vilacondense.

Atentamente,
www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt

Anónimo disse...

Pois é . Era nesta Vila do Conde que eu gostaria de ter vivido . Toda a paisagem "respira" paz e tranquilidade .
Belíssima aguarela . Há mais ?

Anónimo disse...

Pois era exactamente perante esta beleza que o Poeta Artur Araújo,
dizia:

VILA DO CONDE CANTEIRO,
DE FEITICEIROS AMORES,
O AVE É O JARDINEIRO,
AS RENDILHEIRAS AS FLORES.

Sobre o que diz o A.Fangueiro, na verdade a ré da Bateira, mais parece a proa de um barco Rabelo...
Porém, perante tão bela combinação de cores, trata-se de um verdadeiro artista, o qual como qualquer outro mortal, teria os seus defeitos.
Isto faz-nos lembrar o grande escritor Raúl Brandão, que ao escrever o livro OS PESCADORES, por se ter informado mal, menciona todas as colónias dos referidos pescadores, do Minho ao Algarve,
ignorando a maior colónia portuguesa, de Caxinas e Poça da Barca...
Portanto, e voltando ao nosso quadro, estamos como diz o povo:
"No melhor pano cai a nódoa".

a) Cereja

Anónimo disse...

Pelo contacto que tive na construção de quatro barcos rabelos,para fins turisticos para o rio Douro,em que fui obrigado a estudar em pormenor a sua forma de construção,uma vez que esta era para nós totalmente desconhecida,consultando raros estudos,sobre os pequenos barcos do Douro e sobre os barcos rabelos,refiro-me ás publicações de Armando de Matos e Octávio Lixa Filgueiras,onde muito pouco abordam a construção,cheguei a algumas descobertas curiosas:
todas as pequenas embarcações de rio de fundo chato,com bordas inclinadas,tendo estas, curvatura no sentido longitudinal e não na vertical,sendo de prôa e pôpa ligeiramente elevadas,possuiam este formato pela sua simplicidade de construção pois eram reduzidos os conhecimentos nesta area dos seus construtores.
Esta linha de barco,permitia que as tábuas da borda fossem práticamente direitas,e que depois de colocadas no sítio nos dão aquela forma de barco do tipo bateira e que facilitava imenso a sua construção.
O barco rabelo,de origem desconhecida,certamente com influências várias,chega aos nossos dias quase que por milagre.Transporta em si verdadeiras maravilhas,uma autêntica cápsula do tempo,possui vasta informação sobre antigas técnicas de construçao.Deveria este ser muito bem estudado.Pude verificar que a sua forma e dimensões é executada por proporções, ou seja,existe sempre a mesma relação entre as dimensões qualquer que seja o tamanho do barco.Os seus construtores,conheciam de cór estas proporções. O seu costado "trincado",conferia-lhe tamanha robustez que não necessitava de cavername.O seu fundo chato mas ligeiramente levantado para a prôa e para a pôpa constitui outro elemento curioso,pois este aparece tambem em embarcações de grande porte,de mar,como em naus do sec.XVI.Aqui era designado por PELÃO e a aresta que fazia para o costado por LINHA DO CÔVADO.Tive oportunidade de estudar este misterioso fundo chato das naus,com o Alm. Rogério de Oliveira, projectista da nau VILA DO CONDE, quando da execução dos moldes da nossa nau na sala do risco dos nossos estaleiros, e que nos trouxe algumas dificuldades.Muito mais haveria a dizer,muito mais a acrescentar,mas isso ficará para outras oportunidades.
A CARMO

José Cunha disse...

Obrigado Carmo.
POR FAVOR, trata de escrever esse livro.

Faria Correia disse...

São efectivamente aguarelas de E.Casanova. A primeira reproduzida faz parte do volume "Portugal Pitoresco".