25 março, 2007

AZENHAS




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Edificadas sobre o leito do rio, a poucos metros de distância da aresta do passeio da antiga rampa, que pelo lado poente dava acesso á ponte de pedra, que uma enchente do Ave fez desabar, constituem uma importante propriedade industrial de moagens de cereaes. Constam de tres casas de azenhas de doze rodas e treze mós tendo como annexo, alem de outros uma casa separada, na qual se acham instalada a fabrica de moagens movida a vapor, e que só moe durante a estiagem quando a água do rio é insufficiente para pôr em movimento todas as rodas das azenhas.
A edificação tanto d´estas como da margem esquerda, não representadas na gravura (a última imagem) dista de mais de quatrocentos annos. Pertenceram as que tratamos ao Real Mosteiro de Santa Clara d´esta villa, e foram há mais de quarenta annos arrematadas, em virtude das leis de desamortização pelo fallecido dr. José Joaquim Figueiredo de Faria, marido da actual possuidora a Ex. Senhora digna de todos os respeitos pelas suas virtudes.
As azenhas da margem esquerda pertenceram á illustre Casa de Fermença do concelho de Barcelos, e foram há poucos annos adquiridas por compras pela mesma exm Sr D. Joaquina de Castro Faria.
Entre estas e aquellas azenhas prolonga-se, em diagonal, o açude, a toda a largura do rio, o qual fornece a água para a laboração das azenhas, e d´elle resulta a queda d´água representada na gravura, queda d´água, que é d´um bello aspecto quer a observemos a distancia da ponte metallica ou do Recreio, quer a vejamos mais próxima, de qualquer das margens do rio, a jusante d´ella.
È este açude aquelle que limita a parte navegavel do rio e a contar da foz, privando bem como o de Retorta que o Ave seja navegável, pelo menos até ao aprazível logar de Espinheira, o que constituiria para nós e para a colonia balnear mais um lindo passeio de barco, no qual se poderiam bem apreciar todas as belezas das margens do rio desde a sua foz até ao referido logar de Espinheira.

COMMERCIO DE VILLA DO CONDE.
06-01-1907.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ainda se pode ver a «falecida»
ponte do caminho de ferro da autoria do Engº Gustavo Eiffel, e
também estupidamente destruída por
quem manda nestas coisas no pós vinte e cinco de Abril...