10 dezembro, 2009

ACERCA DESTAS BARCAÇAS...
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PODE-SE LER NO LIVRO "PELO AVE" do Dr. Luiz Maya , o seguinte :

No primeiro quartel do século passado, construía-se uma rica ponte de pedra, de três arcos, muito vistosa - no dizer d´aqueles que lograram ainda vê-la - e que ficava ali quasi defronte do convento, abaixo do açude umas dezenas de metros. Só lhe faltava não sei que remates decorativos já dava trânsito ao público, e Vila do Conde folgava com tal acontecimento. Mas, sem base suficientemente sólida, por não haver meio, ao tempo, de se lhe dar pé mais seguro, deixou-se abater por uma enchente do rio , em 1821. Foi este, talvez o maior insucesso em toda a corregedoria de D. Francisco d´Almada.

O monstro que surgiu das ruínas da elegante mole de granito, pouco tempo se demorou a banhar-se, aninhado, nas águas que represava, paralisando assim o movimento n´aqueles moinhos das freiras.

Era forçoso e urgente retirar d´ali aqueles milhares de carros de pedra, impossível de acomodar em estreito espaço. Removia-se com certa facilidade os calhaus maneiros, desviando-os do centro da corrente para as águas mortas d´uma e d´outra margem ; mas os grandes blocos, esses só podiam sair lingados na baixamar por meio de duas barcaças que flutuando na maré alta, os levavam assim, um a um, para os verdes de Azurara.

E agora que havia de fazer Vila do Conde a tanta e tão boa pedra, tão bem facetada, que o acaso gratuitamente lhe oferecia? Não se pensando em reconstruir a ponte, ocorreu a ideia de fazer o cais da Vila, obra aliás importante, de saneamento, comodidade e estética, mas que havia de tirar ao rio o pouquíssimo que ainda lhe restava de estuários, aqui na margem direita ...............

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Extrato do publicado no livro - PELO AVE -

NOTA - Actualizei a ortografia.

3 comentários:

fangueiro.antonio disse...

Boas.

Muito bom este seu artigo, pois relata algo que explica, talvez, algo sobre o qual sempre me punha a pensar ao passar a ponte.
Desde sempre, achei estranho que a água fazia um "degrau" a toda a largura do rio na zona do antigo moínho de água. Serão pois muitas destas tais pedras dessa antiga ponte, que lá ficaram?

Atentamente,
www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt

José Cunha disse...

António, esse "degrau" são vestígios da antiga PONTE DE PEDRA.
Um dia, invernoso e muito frio, dessas latitudes onde se encontra o António, dê um "passeio" pelo "CARIOCA", e encontrará muitas interessntes respostas, a algumas dúvidas, que porventura, terá !!!
Um abraço.
ZCunha.

Anónimo disse...

Para além de uma das nossas famosas
barcas, em tudo idêntica às barcas do Rio Douro, destaque ainda para o "atístico" aparelho de forças, formado por por duas varas de eucalipto, onde funcionava uma talha
com dois cadernais de dois gornes.
Neste tempo, ainda não haveria tanta
engenharia, mas abundava a mestria.
Técnicos de agora, há cerca de duas dúzias de anos atrás, para repararem o Açude, fizeram uma rampa do lado da Vila, atulhando a
margem, a qual ainda hoje ali se mantém,
para gaudio de milhentas ratazanas.
Há meia dúzia de anos atrás, novamente foi preciso reparar o Açude. Desta feita, "atacaram" o
problema de acesso, pelo lado de Azurara, e sem mais aquelas, não estiveram com meias medidas, destruíram quanto restava da também centenária habitação do moleiro da Azenha. Só para facilitar o acesso à obra.
E até se tratava de uma propriedade
privada.
Daqui se concluirá, que embora com menos meios, os antigos usavam melhor a cabecinha...
Com votos de bom advento,

a) Cereja

ps: Àmanhã, com a presença do cineasta Manuel Oliveira, comemora-se o 1º aniversário da definitiva Inauguração do Centro de Memória,
a qual, quer a Escrita, quer a Fotográfica, na sua maioria, continua ainda dispersa, algures pelas ruas de S. Bento, da Igreja, etc.
É Obra!
Mas, tenhamos fé.
As obras de Santa Engrácia, demoraram mais tempo...