01 julho, 2011

O "CHAQUE" de CT1-JV.

"Chaque" , era o nome que era atribuído à sala onde o radioamador tinha a sua estação de radiocomunicações, e, CT1-JV era o indicativo dessa mesma estação ou do seu proprietário, que neste caso, era meu pai -José da Costa Cunha-.

Aqui, estamos em 1960/1, e pode-se ver o primeiro emissor e receptor dessa mesma estação, e que ao longo do ano anterior, ali mesmo foram construídos, custando-me a minha pista de comboios eléctricos.

Já com o meu pai a fazer os seus QSL (contactos feitos por todo o globo), estava o Fernando Azevedo no Porto construindo o seu próprio emissor, pois viria a ser o segundo radioamador, e o terceiro, o Frutuoso, estava nesta mesma sala construindo o seu, para se servir das experiências já vividas pelo meu pai, na construção do seu próprio aparelho.

Quando se diz que os radioamadores se contactavam por todo o mundo, desde um país vizinho, até à mais longínqua ilha no Pacífico, surge a pergunta de como eles se entendiam. Pois bem, além de tentarem aprender um pouco de inglês e francês (coisa que o meu pai fez), tinham também um código fonético próprio.
Tudo começou assim, mas obviamente foi evoluindo, o que para tal era necessário fazer exames, sendo a classe mais elevada, a "A", em que era necessário ter conhecimentos de electrónica, rádio - electricidade e legislação.

Recordo que foi uma época "esquisita" em minha casa, pois o meu pai passava as noites a fazer os seus contactos , pois, dizia ele (e que é verdade) a propagação era melhor à noite.

Penso que foi em fins de sessenta, ou talvez já estivéssemos em setenta, ele compra o seu último emissor, recordo que era pequeno, já transistorizado, mas cujo custo dava para comprar um "Fiat 124". Mas já não lhe deu o mesmo prazer, pois não tinha de andar sempre a trocar as válvulas, esperar que o aparelho aquecesse etc.

Não posso fechar estas linhas , sem antes vos dizer que nessa época o radioamador era de uma enorme utilidade, quer na procura de medicamentos, quer em auxílio às autoridades em caso de catástrofes.

Ah! claro, as conversas eram ouvidas e gravadas pela Rede de Emissores Portugueses (julgo que era assim que se chamava), e em caso de necessidade o "Chaque", podia ser requisitado pelas autoridades.

5 comentários:

Faria Correia disse...

Amigo Zé Cunha.
Um abraço e parabéns pela vossa exposição.
Aproveito a oportunidade para, neste contexto, lembrar outros códigos, de outros rádioamadores desta Vila do Conde. CT1AKQ - Carlos Manuel Dias Nogueira; CT1KF - António de Azevedo Frutuoso; CT1KP - Fernando de Oliveira Azevedo; CT1KJ - Aoaquim Simões Lopes Nogueira. À excepção de António de Azevedo Frutuoso, que tinha postal próprio, todos os restantes usaram postais, com a gravação dos seus códigos no rosto do postal. Todos usaram postais da emissão da Comissão Municipal de Turismo, de 1977, que felzmente integrei naminha colecção de Vila do Conde. Infelizmente e com grande mágoa, nunca arranjei um único postal de Vosso saudoso pai.
Um abraço.

José Cunha disse...

Humberto, esses postais podem ser classificados como sendo de coleccionismo de postais de Vila do Conde ?
Assim sendo, tenho todo o prazer em ofertar-te com um postal, bem como aos outros coleccionadores, pois serei a única pessoa a possui-los.
Quanto aos outros enviados para meu pai (cartões de QSL), tinha caixotes deles, sendo alguns dos mais longínquos locais do globo.

Faria Correia disse...

Amigo Zé Cunha.
Agradeço penhorado a Vossa oferta; sendo certo que era um dos postais ou cartões de resposta (QSL), que não possuia, relativamente a um dos radioamadores vilacondenses, o mais antigo. Teremos que nos encontrar e terei muito gosto em Vos mostrar todos que possuio.
Um abraço.

Anónimo disse...

Tenho saudades do Cereja

Anónimo disse...

´Também já tenho notado a falta do«Cereja».Apesar de às vezes usar um pouco de certa crispação,um pouco de inquietação é sempre preciso