19 maio, 2010

(clique na imagem para a ver aumentada)
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" A CHATA "
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Até que enfim vos consigo mostrar este pequeno barco, do qual já há tempos vos falei.
Fins dos anos cinquenta, princípios de sessenta, eu, e os amigos de sempre, quando não estávamos na casa do Jorge Correia a "tecer" o Ginásio, ou no remo, ou também a jogar hóquei, estávamos no rio.
Muitas vezes atravessávamos o rio neste tipo de embarcação, para, do lado de Azurara, jogarmos à bola. Era complicado, pois o único remo que tinha era na ré, e era "ciando" (era assim que lhe chamávamos) que fazíamos com que o barco se deslocasse.
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4 comentários:

fangueiro.antonio disse...

Boas.

Mas que bela foto, tal como eu mais gosto, com muitos barcos e aqui, de diferentes tipos. Em dia de temporal, eis as várias motoras, uma catraia ali em cima e a "chata" tão familiar ao José. É a primeira vez que vejo uma destas embarcações em fotos antigas de Vila do Conde. Muito comuns no Norte de Portugal e epecialmente na Galiza, eram conhecidas também como "gamelas" e "masseiras", barcos de lavradores para "esgravetar" na pesca por terrenho quando possível. Repare-se que eram barcos sem proa em bico. Tinham um grande painel, à frente e atrás.
Bela foto!

Atentamente,
www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt

Anónimo disse...

Esta fotografia leva-nos aos primeiros dias de Abril de 62, dois ou três dias após a grande cheia de 1 de Abril.Essa cheia resultou de um desconhecimento das previsões do tempo aliado a uma má gestão da barragem de Guilhufrei.Vê-se a quantidade de cabos passados ás embarcações,como é(perdão,era) normal em caso de temporais.Muitas e muitas vezes passei noites de temporal a amarrar barcos,no nosso estaleiro no largo da alfandega.Quanto á "chata" (já comentada em postagem mais antiga),destinava-se a trabalhos auxiliares dos estaleiros e á descarga do pescado das embarcações grandes que ancoravam ao largo.Quantas vezes eu "zinguei" numa destas.Choca trazer á memória estas chatas ás dezenas, na praia da Póvoa ao Sábado de tarde completamente carregadas de peixe quase no fundo,descarregando das embarcaçoes grandes,comparando com a escassez de hoje.Em quarenta anos quanto se perdeu!
Carmo

Anónimo disse...

As nossas chatas (embarcações de fundo chato, sem quilha), contrariamente às da Galiza, Caminha, Âncora, etc., eram apenas embarcações auxiliares que nos anos
sessenta tiveram o seu apogeu ao serviço das dezenas de motoras da pescada, que então laboravam a partir do porto da Vila e Póvoa.

Num Domingo dessa década, ao largo do mar de Espinho, com a vontade
de chegar a terra a tempo de ainda ir ver jogar o Rio Ave, eu e mais dois camaradas meus, saltamos para dentro de uma chata destas para alarmos quilómetros de "trol" por uma ponta, enquanto a motora alava pela outra.
Com o bom tempo que estava, e uma
grande doze de irresponsabilidade,
fruto da idade, embarcamos sem remos, nem qualquer outro meio de
propulsão, apenas ligados ao
aparelho de pesca.
Entretanto, aqui e além, com a linha a prender nas pedras do fundo, por vezes esticada como as cordas de uma viola, e em risco de rebentar nas pedras, já que o mar vinha a crescer, às tantas houve que alguém ter um pouco de bom senso e parar, folgar a linha e aguardar pela chegada do barco-mãe, na circunstância a barlavento de nós.
Como tínhamos improvisado uma âncora flutuante com as pedras e boias já recolhidas do aparelho
não chegou a haver azar.
Mas é assim com tanta improvidência
que por vezes as coisas acontecem e
ninguém chega a saber por quê.
Caso para dizer, que tínhamos a
vida por uma linha.
Cumprimentos,

Cereja

Anónimo disse...

Tantos meses após o falecimento do desditoso José Cunha, ainda vou passando por aqui, deleitando-me com tão rico património legado.
Paz à sua alma.

Desta feita, porque só agora reparei, para dizer que onde o Tono Zé diz «zinguei», por certo deveria dizer
GINGUEI, que é o acto de balancear de
um lado para o outro co o remo de espadela.

Albino Gomes