19 fevereiro, 2010

REDE / RENDA. ===================================================
A indústria das rendas tem já longos anos de existência; atesta-o uma provisão do tempo de D. Sebastião.
E, porque marítimos são todos os seus mais antigos motivos: - a concha, a lapa, a estrela marinha. o peixe, o búzio - parece ser delicada evolução da indústria das redes.
Não há mulher de Vila do Conde que, ao menos nas horas vagas, não faça a sua renda, cantando descuidada. Trabalha geralmente á porta da rua, sentada no chão, com a almofada num cestinho, e isto dá a Vila do Conde um aspecto característico e deveras interessante.
Não é raro encontrarem-se pequenitas de 4 e 5 anos a manejarem febrilmente os seus bilros; e, dos deditos enxovalhados, saem rendas primorosas de asseio e de beleza.
Esta indústria tem-se desenvolvido grandemente, não só devido á guerra que tem feito rarear as rendas estrangeiras no nosso mercado, mas também, e sobretudo, devido á fundação de escolas dirigidas e sustentadas pelo estado.
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Nota- Excerto do publicado no livro de que vos tenho falado.
Coloquei em destaque, a vermelho, algumas linhas, porque a isso é que eu pretendia dar relevo.


2 comentários:

Anónimo disse...

Paulatinamente, grão a grão, o Carioca da Vila, sem fitas..., vem facultando às nossas gentes, mais e sempre cada vez mais, sobre a verdadeira Cultura dos nossos ancestrais.
Quanto à criação e desenho das nossas Rendas de Bilros, embora tal não venha nos nossos manuais,
consta que o maior foi o Manuel Francelino Lopes Cereja, avô materno deste signatário.
Para confirmar, bastará abeirar-mo-
-nos junto das nossas mais antigas
rendilheiras, e indagar.

Cereja

José Cunha disse...

Não estará descrito nos manuais, mas, "Cereja", descreva-nos um pouco do que seu avô fez.
Só conheci uma pessoa, o Sr. Albino se bem me recordo, que trabalhava na carpintaria do Bompastor, e que fazia os "piques" para as rendilheiras, esse. eu conhecia-o bastante bem. Cresci ao seu lado, vendo-o envelhecer.