.
Uma rendilheira descendo a velha Calçada de S. Francisco.
O "Cereja" , já aqui, num comentário, nos tinha "falado" desta fotografia, e fez o favor de me a enviar.
Penso que esta não tenho, mas há um postal, ou fotografia, em que só mostra esta mesma rendilheira, e linda mulher, não se vendo as pessoas que estão do lado direito.
Numa postagem anterior, falei-vos que conhecia desde criança o Sr. Albino, que trabalhava na antiga carpintaria anexa ao Café Bompastor.
Mas enganei-me, pois o senhor não se chamava Albino, mas sim, Álvaro Morais, e a minha confusão deriva de eu lhe chamar" Albinho ", nome pelo qual era carinhosamente apelidado em minha casa.
Por esses anos, também existia um outro senhor chamado de Francelino, que era manco, e que, tal como o senhor Álvaro, fazia os piques para as rendilheiras.
É curioso, e de anotar, que estas pessoas tinham que ter conhecimento da arte de fazer rendas, pois o risco (desenho), teria que ser calculado em função do número de bilros que trabalhariam em determinada parte do desenho.
Sem dúvida, uma belíssima arte esta, mas eu, pessoalmente, julgo-a pouco acarinhada por nós, vilacondenses.
4 comentários:
Só agora me lembrei do nome Francelino, que deverá ser a mesma pessoa que o "Cereja" nos fala num seu comentário de 19 de Febreiro, e nos diz que seu avõ, Manuel Francelino Lopes Cereja, também cuidava destas artes.
Será o mesmo?
Exactamente.
O ti Francelino, como era conhecido
pelas gentes da época, nasceu nesta
Vila em 1886.
Tinha uma oficina de Barbearia e
e Relojoaria, na Rua de S. Bento.
Para além destes ofícios era ele o
criador e desenhador das centenas de "piques" das Rendas de Bilros de Vila do Conde, muitos dos quais ainda hoje existem e por certo identificáveis pelas nossas mais antigas Rendilheiras.
Para desenvolver tais labores, o ti Francelino ía às tardes, ora para a oficina da Casa Flores Torres, ora para a D. Germana, ora para a D. Adelaidinha, etc.
Para além dele, sem esquecer o dr.
Vaz, director da Escola de Rendas, também o Srs. Alvaro Morais, João
"Varela" e "Fael" «tiravam riscos»,
fazendo do velho, novo.
Mas criar, julgo que não, salvo melhor opinião...
Agora, o ti Francelino, filho de
um antigo marinheiro, ainda foi
embarcado, calafate, e tantas outras coisas ligadas à arte.
Por ora, chega.
a) Cereja
"Cereja", as informações que obtive na minha "base de dados caseira", era que seu avõ foi sem dúvida um homem multifacetado e habilidoso, pois quem conserta relógios e faz piques, além de cortar cabelos, digamos que já há pouco quem!
Quanto á morada da Barbearia, é que a informação que tinha não estava correcta, pois pensava que tinha sido , não muito longe, mas na rua, Joaquim Maria de Melo.
Ah!....um pormenor, sabia que seu avô cortou por diversas vezes o cabelo ao saudoso Sr. Prior (Padre Porfírio Alves) ?
Padre Porfírio Alves, Prior de Vila do Conde?
Este sim. Era um verdadeiro Padre que vivia para o Sacerdócio, sem nunca se interessar pelas riquezas do mundo.
Acabou pobresinho, com uma sotaina remendada, e sempre que ía visitar um doente mais necessitado, ainda deixava, discretamente, uma notinha de vinte escudos debaixo do travesseiro.
Se de facto houver Céu, já lá está.
Voltando à Rua de S. Bento, depois
Joaquim Maria de Melo, e mais tarde
metade de cada, era a mesma rua.
Finalizando na foto da Calçada de S. Francisco, registe-se que esta então bela moçoila è a Gina, hoje
sexagenária residente do Canadá,
filha do "ti Xico Barbeiro", que
tinha a Barbearia nesta mesma Calçada que nos leva ao Monte.
Cereja
ps: Lembram-se do DKW, que o Padre
Porfírio Alves tinha?
Enviar um comentário