Mil fotografias dos nossos antigos estaleiros eu tivesse, mil fotografias publicaria.
Mas, tenho algumas, e nas próximas postagens, mostrar-vos-ei mais.
Sempre que vejo fotos dos nossos estaleiros, recordo os pescadores, os pilotos , as naus, os Descobrimentos, e a valentia dos nossos homens, que ao longo de séculos "desbravaram" os Oceanos, enfrentando ventos desconhecidos e correntes também, mas registando-as, para os que se aventurassem depois deles, mais soubessem.
Foi uma época fantástica, e que para sempre devemos recordar. Hoje temos aquela bela nau, a "VILA DO CONDE", encostada onde ainda ontem eram os estaleiros. É linda, e foi certamente uma obra dispendiosa, mas é pouco. Não sei o que mais, mas os que sempre estiveram ligados ao mar, talvez tenham uma opinião.
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8 comentários:
E TUDO A FALTA DE TALENTO LEVOU!...
Esta fotografia é realmente extraordinária .
Mas alguém saberá dizer-me que "objecto" é aquele , em primeiro plano ? Parece uma embarcação , com um "casinhoto" em cima , mas não tenho memória de alguma vez ter visto algo parecido .
A composição da fotografia , a vista de conjunto , o contraste , está tudo perfeito . Bela imagem !
É linda a fotografia, concordo contigo.Quanto ao que vemos em primeiro plano, e vendo na real foto em ampliação de uma lupa, não posso chegar a exacta opinião, mas, certo é, que por estes anos, aqui e ali, ao longo do rio, podíamos ver como que pequenos "cemitérios" de barcos, talvez para futuro aproveitamento de madeiras, ou porque a simples remoção fosse dispendiosa...não sei, mas que esta visão era LINDA, lá isso era!!!
Bom dia.
Pois linda visão era mesmo e já batemos bastante nessa tecla em artigos anteriores: foi-se por culpas várias, algumas delas fora do nosso alcance, mas ficam as memórias e estas fotos do seu baú que espero seja sem fundo.
Quanto à nau e ao que representa, como já escrevi antes, é uma excelente obra para a cidade, para Portugal e mostra que em Vila do Conde ainda há estaleiros navais capazes de coisas destas (Samuel & Filhos).
Concordo plenamente que não é suficiente, pois Vila do Conde construía barcos de vários tipos e seria perfeito ver junto à nau um iate de inícios do séc. XIX, um palhabote, um pequeno lugre, etc.
A pequena e bonita motora construída "dentro de casa" perto da nau também é trabalho de louvar, mas sinceramente, esta foto mostra que elas ficam melhor é no rio e não dentro de uma caixa. Da rua, os reflexos dos vidros na verdade disfarçam o que está dentro. Alguém decidiu assim, está decidido.
Atentamente,
www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt
Foi comum durante toda a vida dos nossos estaleiros, utilizar recantos das margens, como sítio de desmantelamento de embarcaçoes,para não ocupar as carreiras.O estaleiro responsavel retirava tudo o que fosse sucata metálica,dando o casco a pessoas de fora que a pouco e pouco,munidos de serras manuais pés-de-cabra, marretas,etc, o iam levando em carros de bois "para o lume".
O casco que vemos em desmantelamento em primeiro plano na foto(anos 50) era a trineira CAMOÕES, que só desapareceu na totalidade no prncipio dos anos 60.
A.CARMO
Agradeço a explicação , que faz todo o sentido , ainda que eu a desconhecesse em absoluto . Mas estes ( e outros ) blogues começam agora a tornar-se nos verdadeiros depositários do conhecimento e é através deles que vamos continuando a descobrir um pouco da nossa História comum .
Volto 3 dias depois do meu anterior comentário,onde falei da demolição da traineira CAMÕES,agora para falar,ou acrescentar,sobre aquelas lindas "motoras", pois era assim que lhes chamavam,a flutuar no rio,uma nota que considero importante para todos os interessados por embarcações tipicas de certo local.Dizer que a "lancha Poveira" era tipica da Povoa, não o devemos,pois esta encontrava-se no SEC XIX em muitos portos do norte,descohecendo-se onde apareceu primeiro,sabendo-se apenas onde existiram as ultimas,na Póvoa de Varzim.
Posso contudo, afirmar que aquelas lindas "motoras" da foto,nasceram de facto em vila do Conde.Já em outros comentários anteriores estive para falar deste assunto, mas tive de ter todas as certezas daquilo que meu Pai e tio ,Francisco e Atonio Samuel, me haviam dito há anos e fazendo algumas recolhas de dados, junto de pessoas que ainda se recordam facilmente cheguei á conclusão de como em Vila do Conde se iniciou esta nova linha de barcos.Naturalmente que,este desenho será sempre fruto de uma evolução transportada de embarcações anteriores,de valores e experiências trazidas até de outros locais,mas tenho a certeza de aqui se ter iniciado de facto uma nova linha de barcos.
Tudo terá tido inicio por 1952 ou53, quando foi feita uma transformação no estaleiro do mestre Samuel,meu avô,numa "lancha Poveira" de Matosinhos do sr Tomás Gato,onde lhe foi aplicado convés, motor de centro, e uma pequena casa do leme e com os bons resultados conseguidos neste tipo de barco, logo de seguida, se dá inicio nos estaleiros de Vila do Conde, á construção de várias embarcações novas que possuiam um fundo parecido com o de uma "lancha Poveira",mas mais esbelto e com hidrodinamica mais apurada, com uma pôpa diferente,(PÔPA DE LEQUE) esta semelhante ás usadas nas embarcações de Peniche e Algarve,mas tinham a ESPINHA de ré mais deitada e mais comprida sendo tambem as CAMBOTAS mais deitadas,fazendo destas embarcações, desenhadas pelos nossos mesteres,as mais armoniosas e bonitas que já vi.Foram construidas as primeiras entre 1952-53,a:
-BEIRIS de pescadores Caxineiros
-PENSAMENTO de Poveiros,
-POVEIRINHA para a Povoa, estas três no estaleiro de Jeremias Novais e,
-LISTER de uma sociedade de um Poveiro com o estaleiro Samuel,
e -MAR DOS NAVEGANTES, estas duas no estaleiro de Samuel do Carmo.
Tinham um só mastro onde usavam uma vela de uma "lancha Poveira"como auxiliar ,e tinham motor de centro.Naõ possuiam quaquer meio de ajuda á navegação (sondas ou outros).a sonda era de mão, nem rádio.
Foram construidas muitas dezenas em Vila do Conde,duramte cerca de 15 anos,tendo o ultimo exemplar demolido nos anos 80.Tinham comprimentos que variavam entre os 9 e os 16 metros.
A estas embarcaçoes, podemos de facto denomina-las como tipicas de Vila do Conde.
Podemos ver um lindo exemplar destes em construção, na zona museologica do rio,dentro da "casa do barco"
Antonio Carmo
Numa edição Municipal, de 1993, intitulada ANTERO DE QUENTAL-A DECADA DOURADA DE VILA DO CONDE (1881-1891), da autoria de Ana Maria Almeida Martins, existe uma
grande foto da época, a ilustrar a capa, muito identica a esta, também com a carcaça de um navio em desmantelamento, mais ainda mais espectacular que esta.
Muito digna de ser vista.
Desfrute-a.
a) Cereja
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