07 maio, 2007

OS ENCANTOS DE VILA DO CONDE



Vila do Conde, essa feitiçeira de além Ave, possui um não sei quê de misterioso e de atractivo, que prende e fascina o forasteiro mais exigente.
O porquê desse mistério e dessa atracção, , com franqueza não sei bem explicá-lo.
Sei apenas que Vila do Conde, não só no transcorrer da estação primaveril, como também em pleno estio, como ainda no período outonal, é sobejamente linda. Linda em toda a acepção do vocábulo. Em qualquer dos tempos mostra, com nítida exuberãncia, os fulgores da sua sedução, os efeitos mágicos da sua ostentação.
Vila do Conde, tanto no tocante aos seus valores artísticos - a recordarem-nos a majestática grandeza de antanho - como no referente aos seus encantos naturais - nos seus vários aspectos - não há dúvida, ressuma beleza a rodos!
Dirão agora, em soblóquio, os meus prezadíssimos leitores :
-Este homem está inteiramente obcecado! Pois se há por esse país fora tantas terras bonitas!
É verdade. Há de facto, muita terra bonita, não contesto. O que indubitávelmente não há, por certo, é nenhuma com um conjunto tão harmonioso de predicados como este que Vila do Conde orgulhosa e ciosamente reúne.
Até a clareza do sol parece diferente, diferente parece o ar que se respira!
São tantos os factores a torná-la bela, que não é possível, com justeza, fazer-se uma destrinça para salientar ou realçar um deles.
A quietude dos seus típicos arruamentos; a preciosidade austera dos seus monumentos; a opulência das suas casas senhoriais; o seu tão apreciado artesanato; o seu característico folclore; a sua fecundante e activa lavoura; a lhaneza de carácter do seu povo hospitaleiro; a sua notável história; as suas ricas tradições; tudo isto, em suma, creio bem, deve reflectir-se nessa inexplicável magia que de um modo especial e transcendente envolve a nobre terra de Vila do Conde.
O rio Ave, com a voluptuosa brandura da sua corrente; com os seus açudes, moinhos e cachoeiras alvinitentes; com as suas margens sombreadas por maçiços de verdura a encobrirem paradisíacos miradouros, onde se refugiam poetas e pintores em busca de inspiração; outrosim fornece ou deve fornecer valioso contributo para esse místico encantamento que faz de Vila do Conde uma terra de sonho, uma terra de recreação, uma terra inesquecível, uma terra, enfim, que por via desse adorável conjunto de valores materiais, espirituais e naturais, mereceu - aliás com muita propriedade - a suavíssima e poética cognominação de PRINCESA DO AVE.
Horácio Marçal.
Renovação-8.1.1972

3 comentários:

Anónimo disse...

Em 1972, dizia então (e bem)Horacio Marçal, que em Vila do Conde "até a clareza do sol parece diferente, diferente parece o ar que se respira" etc, etc...
Se o senhor hoje fosse vivo e respirasse um pouco do ar que sai do esgoto da Poça da Barca, ou junto da Piscina Municipal, ou da Lota, ou ainda da Praça da República, não teria a mesma opinião.
Se em vez de andarem por aí a fazer gaiolas e outras macadas fizessem Etares, a tal qualidade de vida era outra.
Assim, È a vida.
Mário

Anónimo disse...

Temos um rio tao belo mas inundado de esgotos e quimicos!!!!Não sei como na Câmara ninguem pensa na despoluição do rio!!! é nestas alturas que o povo se une e luta pelo património natural que tem de ser preservado!!!!!!
Vila do Conde já não é a Princesa do Ave mas talvez um dia....

Anónimo disse...

Que bonito era este barco, SELVE
de seu nome, cujo mestre e proprietário era o felizmente ainda vivo Xico Maio, morador nas
Caxinas.
Estavamos nos anos 60 e a paisagem também era linda!
Alfredo