15 janeiro, 2007

TSUNAMI EM VILA DO CONDE



«ENTROU O MAR ATÉ AO SOCORRO E POR PREMISSÃO DA IRA DELE DE FRENTE DA CAPELA QUEBRAVAM AS ONDAS QUE POR DUAS VEZES CHEGARAM ÀS AZENHAS»

RELATO DO TERRAMOTO DE I DE NOVEMBRO DE I755.

D. Maria do Salvador,que foi escrivã do mosteiro,naquele jeito folhetinesco e memoralista que percorreu os conventos a partir de determinada época,deixou um relato muito circunstanciado do que ocorreu no mosteiro no dia do terramoto e nos dias que lhe seguiram.A sua veia jornalística soube dar relevo a pequenas minúcias aparentemente irrelevantes avultadas pela sua pena de forte sabor descritivo.
«Em o segundo triénio da M R M Abadessa D. Teresa M de Távora, eleita em 8 de Maio de 1755, em o primeiro dia do mês de Novembro do sobredito anno às 9 horas e meia da manhã estando as religiosas em o coro cantando Terça para principiar a missa do dia,estando sol claro e sem ventos,principiou um tremor de terra tão repentino e com estrondo tão horroroso que parecia que submergia todo o convento; as religiosas que estavam em os ofícios todas as desampararam fugindo para os coros e buscando refúgio em o mesmo perigo por que neles e nos templos foi donde sucederam os maiores estrgos em Lisboa.Mas como se ignorava o perigo,permitiu o céu que o não houvesse;nele se persistiu enquanto durou a maior força do terramoto,que seria dum quarto de hora mais ou menos,..........................................tremendo o coro com uma força tão desordenada que parecia uma nau despenhada em o mar,não houve o mais leve perigo nem estrago considerável em o convento.
..................Entrou o mar até ao Socorro e por permissão da ira dele de frente da Capela quebravam as ondas que por duas vezes chegaram às azenhas mas logo desceram;esta inundação das águas não causou menos susto e maior seria se não desse em o mesmo dia o título de Mentira a mesma Verdade; passado o p terramoto ficou todo o dia a terra tremula e eles (os abalos) repetindo mas com emtrepolações;não se cuidou em comer que o susto o não permitiu.
.....................ficou a terra trémula todo o ano e nas luas repetindo terramoto com mais ou menos duração e estrondo que o primeiro;e ainda na era de 1757 se sentiram alguns mas breves.........
Deve ter sido um espectáculo aterrador,sobretudo para as populações ribeirinhas mais expostas do que as donas do convento às invasões das águas e ao alevante das ondas.

Compilado por JCunha. "O MOSTEIRO DE SANTA CLARA DE VILA DO CONDE"
de Joaquim Pacheco Neves.
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1 comentário:

Anónimo disse...

bem, nessa altura não vcivia viv'alma nas praias... imagine-se hoje!!! parabéns pelo blog :)