No catálogo da colecção Jorge de Brito, pode-se ver este desenho que foi vendido no dia 16 de Dezembro de 2010, pela leiloeira "Renascimento", em Lisboa.
O que se pode ler neste catálogo referente a este desenho, é o seguinte:
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RIO AVE COM FRAGATA E CASARIO, desenho à pena sobre papel.
Dim.- 32x43,5 cm.
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Sabe-se que o desenho é de JOÃO DANTAS, um pintor da Escola Portuguesa do séc.XIX que viveu entre 1840 e 1909, e que tinha uma especial vocação para pintar "MARINHAS".
O casario que se vê em fundo será, provávelmente, Azurara.
Seria interessante descobrirmos se este barco terá sido construído em Vila do Conde.
Temos leitores/comentadores, muito conhecedores destas áreas, ... será que algum terá conhecimento de tal barco ?
12 comentários:
Após uma demorada visualizaçao desta imagem, e com muitas dúvidas inicialmente,se de facto se trataria do estuário do Ave,até porque nem sempre o pintor retrata bem o que na realidade vê,factor que temos que ter em conta,estou certo que o casario é Vila do Conde e não Azurara.Reparem a primeira casa do lada esquerdo em primeiro plano,que por sinal é a minha casa,onde tambem funcionaram as antigas oficinas do estaleiro e o meu establecimento de bicicletas,que até cerca de 1915 tinha mais um piso que actualmente, conforme a imagem, e mais á direita,á proa da fragata pode vêr-se o edificio da alfandega.
É espectacular esta estampa provavelmente uma das mais antigas imagens sobre Vila do Conde. É tambem linda esta fragata com propulsão mista á vela e a vapôr.
Antonio Carmo
Carmo, que achas da ideia de eu trazer este quadro para Vila do Conde?
Caro Zé.
Se eu tivasse tido acesso ao catálogo, seria eu a adquirir o quadro.
Boa sorte.
Pois é. Mas fiquem descansados que ele ficou em mãos vilacondenses. Nas minhas, claro.
Para além dos pássaros com esse nome, quanto julgo saber, há três tipos de Fragatas:
- As típicas Fragatas do Tejo;
- As Fragatas à vela, que no sentido de Bombordo a Estibordo, envergam o chamado Pano Redondo (embora seja quadrado ou rectangular);
- E as Fragatas de Guerra, estas assim classificadas em função do
potencial bélico dos seus canhões.
Portanto, salvo melhor opinião, este navio que dizem surto no Ave(?), seria um Lugre/Patacho, tal como é o meu bem conhecido navio bacalhoeiro Gazela, salvo para um Museu de Filadélfia.
Mas, o melhor será que opinem.
Pois, se continuarmos a opinar,
todos ficaremos a ganhar...
Continuação de um Ano Bom.
a) Cereja
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Na Marinha de Guerra da altura havia uma "canhoneira" chamada Rio Ave. Ora não me parece que existam ali quaisquer canhões. Também acho o navio demasiado pequeno para ser um lugre-patacho.
Poderá ser o iate real? Existiram 4 iates "D. Amélia" e o "Amelia II" é muito parecido com o navio do desenho.
No seguimento daquilo que ontem tínhamos opinado, o lugre/patacho Gazela, construído em Cacilhas no ano de 1883, e ainda hoje a navegar em águas americanas, tem o comprimento de 27,2 metros.
Portanto, exceptuando a dúvida sobre o tamanho do barco em questão, tudo bem.
Por curiosidade, sobre Iates reais, ainda conheci o Sirius, onde nos anos cinquenta prestei serviço de manutenção, e que hoje se encontra desarvorado no Museu de Marinha.
a) Cereja
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Permita-me o amigo Cereja a correcção, o comprimento nao é de 27,20m,mas 47,74m,segundo uns planos que possuo, datados de 1940, penso sejam a versão ainda actualizada.Passo a dercrever outras medidas relevantes deste patacho:
-comp.fora a fora-47,74m
-comp. de sinal-41,13m
-comp. entre perpendiculares-40,05m
-bôca maxima-8,11m
-pontal de sinal-5,01m
-pontal de construção-5,35
-arqueação bruta-325 TAB
-carga "maxima"-5243 quintais de peixe.
-Construido em 1883,reconstruido em Setubal em 1900.Em 1938, foi reconstruido nos estaleiros de Azinheira Velha no Barrero onde recebeu motor auxiliar, um BENZ de 180BHP.Fez a sua ultima CAMPANHA em 1969,sendo propiedade do museu Maritimo de Filadelfia desde 1971.
-inf. dos desenhos referidos e museu da Marinha
Antonio Carmo.
Já agora a referencia do maior lugre que conheço construido em Vila do Conde é o VENTUROSO,construido por Jeremias Martins Novais em 1919, tendo uma tonelagem de arqueação liquida TAL de 413 ton.Como a arqueação liquida é sempre inferior á arqueação bruta,TAB,facilmente se presume que o VENTUROSO era muito maior que o GAZELA.
Até já
Finalmente, António, em que ficamos? Parece não existirem dúvidas que o cenário é mesmo Vila do Conde (embora aqueles montes...) mas gostaria de saber que tipo de embarcação é esta. Não é lugre, não é canhoneira. Que será, então? O iate real "Amelia II" era extremamente parecido, na configuração e no tamanho, mas falta confirmar.
O autor da obra, João Dantas, limitou-se a escrever "Rio Ave" na moldura do quadro. Estava-se ainda no século XIX.
Um abraço
José Guedes
Confrontando fotos e desenho na Net, o desenho à pena sobre papel de João Dantas representa a canhoneira da Armada Real de Portugal RIO AVE, que armava em lugre-escuna de três mastros (mastro e mastaréu com três vergas no traquete, embora estranhamente no desenho apareçam apenas duas), 36,57m, 378 tons de deslocamento, 1 peça de 101mm + 4 de 7mm, 1 máquina de baixa pressão horizontal de 180hp, 9nós, guarnição 89 homens, construída em 1879 pelo Arsenal de Marinha de Lisboa e depois de bons serviços prestados, foi abatida ao efectivo naval em 1809, contudo foi aproveitada e convertida em navio farol para servir o território português da Guiné, e em 1901 ainda por lá se encontrava, onde possivelmente terminaria os seus dias.
Quanto ao local do ancoradouro, se de facto for Vila do Conde como o amigo António Carmo parece reconhecer, será junto à barra, mas há um óbice, a RIO AVE não está ancorada, está sim amarrada à bóia e em águas calmas, e além disso a grande distância vislumbra-se um outro navio, o que me leva a perspectivar que seja o estuário do Tejo, frente ao Terreiro de Paço, no quadro do navios de guerra, onde cada navio tinha a sua própria bóia de amarração. Esta é a minha opinião.
Procurar na Página Inglesa SHIPS NOSTALGIA (gallery Navies of the Wolrd) a imagem da RIO AVE postada por mim.
Desejo a todos melhor ano.
Saudações marítimo-entusiásticas
Rui Amaro
Meu comentário acima.
Leia-se "FOI ABATIDA AO EFECTIVO EM 1899" em vez de "1809".
Obrigado
Rui Amaro
De passagem por esta margem, para dizer que o A. Carmo terá razão no que respeita às medidas do Gazela.
È que eu referia as medidas de 1883, tal como consta na primitiva ficha do navio.
Depois, em 1900, houve uma primeira reconstrução onde passou a chamar-se Gazela I;
Em 1938, outra reconstrução, com instalação do motor auxiliar;
Em 1959, outra grande operação, com substituição da sobre-quilha.
Portanto, a alteração do Comprimento e do Pontal, ainda se
compreende perfeitamente que tal tenha acontecido. Agora, a alteração da Boca, de 6,7 mt, para 8,11 mt, é que, é que me parece bastante estranho.
De tal modo, que até parece não estarmos a falar da mesma coisa,
que é como quem diz, do mesmo navio.
a) Cereja
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ps: - a ficha acima referida, poderá se consultada no Museu Marítimo de Ílhavo, ou através da Internet.
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