Num passado não muito distante, as máquinas fotográficas não proliferavam como hoje, e, talvez por isso, as mais representativas fotos eram usadas pelos mais diversos meios, ora em postais, ora em jornais, ou outros tipos de publicações.
1 comentário:
Faria Correia
disse...
Um dos mais típicos postais de trajes antigos é o que representa uma rendilheira, que aqui reproduzimos. Tem duas versões ambas do mesmo editor, sendo uma identificada como "F. A. Martins . P. Luís de Camões, 35 - Lisboa", contendo a legenda "Costumes de Portugal - Fazendo renda, em Vila do Conde" e a outra, como "FAM" com o 229, tal como a antecedente, e a legenda "Vila do Conde - (Portugal). Costumes. Fazendo renda". Casualmente chegou-nos à mão um exemplar da Revista Ilustrada Quinzenal, "Passatempo", número 36, de Lisboa, 10 de Junho de 1902, que a página cento e noventa e duas contém uma reprodução da fotografia do postal acima referenciado e o seguinte texto, o qual transcrevemos, adaptando-o para o português corrente: "Tipos Portugueses. Rendilheira de Vila do Conde. Pobre Celestina, já morreste!...Quantos apaixonados quadros não foram por ti contados com o acompanhamento do tinir dos bilros da tua almofada?!... Quantos alfinetes não pregaste tu no pique. contando, pelo número deles, os teus risonhos e doirados sonhos?!... Como as voltas sucediam rápidas, esperando ansiosa o termo da tarefa, para depois dares larga às tuas alegres expansões! Como era jovial!... Quando os primeiros raios de sol iluminavam o azul do céu, tu aparecias sentada diante da tua almofada, desdobrando a tua alva e formosa renda, lembrando-te que alguma havias de fazer para adornar os lençois que deveriam servir no teu leito nupcial!... E casaste. Mas os lençois de renda que tu preparaste, bem depressa serviram para envolver o teu frio e inanimado corpo!... A cruel e impia tuberculose deu-te, ainda tão nova, a morte, e assim ficou Vila do Conde sem uma das suas alegres e afanosas rendilheiras." A fotografia é da autoria do Exmº. Sr. Dr. António Francisco da Silva, residente que foi nesta Vila do Conde, conforme indicação no artigo, nada nos dizendo quanto à do texto, mas tudo leva a crer que seja domesmo autor. Não sendo referenciado o nome completo da inditosa artifice e dado o lapso de tempo decorrido, sobre o acontecido, ser enorme, excluímos toda e qualquer hipótese de a identificar, que poderíamos acalentar à partida. Não teve vida desafogada e feliz, conforme nos elucida o texto, mas ficou para a posteridade. Esta fotografia, pode servir, tambám, para reflectir, com um pouco de introspecção, sobre o verdadeiro traje que as rendilheiras usavam, como mulheres do povo. Traje esse que actualmente tão aviltado se encontra no restrito universo local Sanjoanino. Faria Correia (in "Correio da Junqueira", de 23 de Junho de 2003.
1 comentário:
Um dos mais típicos postais de trajes antigos é o que representa uma rendilheira, que aqui reproduzimos. Tem duas versões ambas do mesmo editor, sendo uma identificada como "F. A. Martins . P. Luís de Camões, 35 - Lisboa", contendo a legenda "Costumes de Portugal - Fazendo renda, em Vila do Conde" e a outra, como "FAM" com o 229, tal como a antecedente, e a legenda "Vila do Conde - (Portugal). Costumes. Fazendo renda".
Casualmente chegou-nos à mão um exemplar da Revista Ilustrada Quinzenal, "Passatempo", número 36, de Lisboa, 10 de Junho de 1902, que a página cento e noventa e duas contém uma reprodução da fotografia do postal acima referenciado e o seguinte texto, o qual transcrevemos, adaptando-o para o português corrente: "Tipos Portugueses. Rendilheira de Vila do Conde.
Pobre Celestina, já morreste!...Quantos apaixonados quadros não foram por ti contados com o acompanhamento do tinir dos bilros da tua almofada?!... Quantos alfinetes não pregaste tu no pique. contando, pelo número deles, os teus risonhos e doirados sonhos?!... Como as voltas sucediam rápidas, esperando ansiosa o termo da tarefa, para depois dares larga às tuas alegres expansões! Como era jovial!... Quando os primeiros raios de sol iluminavam o azul do céu, tu aparecias sentada diante da tua almofada, desdobrando a tua alva e formosa renda, lembrando-te que alguma havias de fazer para adornar os lençois que deveriam servir no teu leito nupcial!... E casaste. Mas os lençois de renda que tu preparaste, bem depressa serviram para envolver o teu frio e inanimado corpo!... A cruel e impia tuberculose deu-te, ainda tão nova, a morte, e assim ficou Vila do Conde sem uma das suas alegres e afanosas rendilheiras."
A fotografia é da autoria do Exmº. Sr. Dr. António Francisco da Silva, residente que foi nesta Vila do Conde, conforme indicação no artigo, nada nos dizendo quanto à do texto, mas tudo leva a crer que seja domesmo autor.
Não sendo referenciado o nome completo da inditosa artifice e dado o lapso de tempo decorrido, sobre o acontecido, ser enorme, excluímos toda e qualquer hipótese de a identificar, que poderíamos acalentar à partida. Não teve vida desafogada e feliz, conforme nos elucida o texto, mas ficou para a posteridade.
Esta fotografia, pode servir, tambám, para reflectir, com um pouco de introspecção, sobre o verdadeiro traje que as rendilheiras usavam, como mulheres do povo. Traje esse que actualmente tão aviltado se encontra no restrito universo local Sanjoanino.
Faria Correia (in "Correio da Junqueira", de 23 de Junho de 2003.
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