30 julho, 2008

GENTE NOSSA.

O que serão estas marcas nas caixas e nos baús ? Indicarão o barco a que pertencem, ou sómente o pescador?
Vamos aguardar o parecer do "Cereja" ou do António, pois já nos demonstraram terem grande conhecimento destas artes.

7 comentários:

fangueiro.antonio disse...

Linda foto dum tempo de trabalho duro mas de significado e beleza grande. As marcas que se notam nas caixas são as do barco onde esta companha trabalha, de modo a que as caixas não fossem por exemplo roubadas ou "desviadas" por outros barcos durante a descarga do peixe no cais.Por certo terão significado para o dono da embarcação (que nem sempre é o mestre). Os baús em chapa que também se vêm por vezes também tinham marcas de cada pescador, à boa maneira e tradição entre Vila do Conde e Póvoa. Lembro-me que o meu pai tinha um desses, verde e azul com as laterais em oblíqua tal como um na foto. Todos os objectos tinham a sua marca, "XIX". Gostava imenso de abrir aquele baú quando o meu pai chegava do mar às 6as pela tarde, tudo a cheirar a uma semana de trabalho.

José Cunha disse...

Obrigado António pelo belíssimo documentário.
Pena é eu não saber presenteá-lo de igual modo no seu blog, embora me deleite com as fotos.
Obrigado, pois todos ficamos mais ricos com a sua informação.

fangueiro.antonio disse...

José,

Gosto imenso de vir a este blog pois descubro fotos belíssimas do passado de Vila do Conde, onde nasci. Quando se relacionam com a pesca, ainda mais.
Comentarei sempre que possa e saiba.

fangueiro.antonio disse...

Mais um detalhe quanto à marca que se vê nas caixas de um quadrado dividido em 4. Esta sigla denomina-se por "quartos" e pode também ser um rectângulo em 4 partes. É uma marca encontrada em Balazar e no Monte de Stª Tecla na Galiza, dois locais de grande peregrinação dos pescadores que lá marcavam (à navalha) os seus símbolos pessoais.

Anónimo disse...

Correspondendo à sugestão do
Carioca da Vila, poderei acrescentar que esta bela foto é
minha conhecida de há longos anos,
de casa do Sr. Carlos Adriano.
A quanto diz, e bem, o conhecedor bloguista Antonio Fangueiro, para
além de que estavamos num dia de
Sudoeste, conforme se percebe pela forte mareta do rio, na impossibilidade de irem ao mar, os pescadores, estavam a limpar o trol.
No extremo esquerdo da foto, de pé
e de boina, com seu bigodinho mirando o visinho fotógrafo, está o Senhor Carlos Viana, filho do
antigo sacristão da Matriz, e
morador no largo da Misericórdia,
onde hoje mora o Sr. Pascoal.
Talvez influenciado por seu enteado
Narciso Rodrigues Maio, este Sr.
Carlos acabaria, também ele, por ser pescador.
Cumprimentos,

a) Cereja

José Cunha disse...

Fantástico "Cereja", a "mareta do rio" iria nos passar despercebida, não fosse o seu olhar analítico.
Obrigado.

Anónimo disse...

Etnograficamente falando, e mais importante do que as condições
climatéricas, para além das popas de leque e dos cabos a secar nas
amuras das motoras da pescada, são
as boinas de todos os pescadores na imagem.
Nesses tempos, fizesse frio ou calor, muita desta gente andava descalça. Mas sempre com a cabeça tapada.
Por tal motivo, hoje as cabeças
andarão um pouco mais arejadas.
Pelo menos deveriam andar...

a) Cereja